Há duas irmãs mancas:
a que diz e a que é.
Uma clama vir a ser;
outra vive o não saber.
Uma quer a carne da outra,
que deseja o seu sabor.
Uma manca por destino.
Outra manca por fraqueza;
muitas vezes, por desleixo.
São duas irmãs, as mancas,
que dividem lar soturno:
nuvens passam adiante,
gritos ecoam no mundo.
Uma toma a mão da outra;
vem-lhe certa estranheza:
olha fundo em seus olhos,
vê-se neles com justeza.
Eles falam de horrores;
mas é desta a tristeza.
Ei-las: duas irmãs mancas:
se de uma jorra o sangue,
noutra vê-se a sua cor;
uma canta os lamentos,
outra sente a grande dor.
Vejo duas irmãs mancas:
uma é Frágil Gardênia.
Outra é Fingida Flor.
segunda-feira, 4 de junho de 2007
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